Narradores de Javé, um filme sobre memória, História e exclusão.

04/05/2011 às 17:32 | Publicado em Sem categoria | 2 Comentários
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Direção Eliane Caffé, 2004, Brasil.

 Se fosse possível colocar uma trilha sonora para esta resenha do filme Narradores de Javé certamente ela não poderia ter a cadência dramática e sóbria que em geral é usada em filmes sobre o sertão nordestino. A sutileza, as ironias e os momentos tragicômicos de Narradores de Javés ó podem mesmo ser embalados pelo som eletrônico-regional-pulsante de DJ Dolores, responsável pela trilha sonora do filme. É nesse clima que se dá abertura para o espectador vislumbrar a Importância dos sujeitos na História e as soluções e saídas para o sofrimento do sertão. 

O longa, dirigido por Eliane Caffé, reúne tantos elementos interessantes para discussão, que é difícil eleger os que devem ocupar o espaço de uma resenha. Além disso, os oito prêmios recebidos pelo filme apontam a qualidade com que foram abordados esses elementos. Muitos temas relacionados com a História estão presentes: a história oral, a oficial, sua cientificidade, o limiar com a literatura, o vídeo e o próprio cinema, diferentes suportes para a História, diferentes olhares e intercâmbios, a busca de uma “verdade”, teoria e método. 

Esse segundo filme da cineasta (o primeiro foi Kenoma-1998), trata de um povoado fictício (Javé), que está prestes a ser inundado para a construção de uma hidrelétrica. Para mudar esse rumo, os moradores de Javé resolvem escrever sua história e tentar transformar o local em patrimônio histórico a ser preservado.O único adulto alfabetizado de Javé, Antônio Biá (José Dumont) é o incumbido de recuperar a história e transpor para o papel de forma “científica” as memórias dos moradores.

Ironicamente, Biá, que havia sido expulso da cidade por inventar fofocas escritas sobre os moradores, o escolhido para escrever o “livro da salvação”, como eles mesmos chamam.

O artifício de “florear” e inventar fatos locais já eram usado pela personagem para aumentar a circulação de cartas, obviamente escassas no povoado, e manter em funcionamento a agência de correio onde ele trabalha. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é sua oportunidade de se redimir. Continue Reading Narradores de Javé, um filme sobre memória, História e exclusão….

“Longe Dela”: o filme que tem como pano de fundo o Mal de Alzheimer.

24/11/2009 às 20:54 | Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário
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Sinopse: Grant e Fiona formam um casal feliz, que tem sua a vida abalada quando ela apresenta alguns graves sintomas, como perda de memória. Logo vem a confirmação: Fiona está com o mal de Alzheimer. Relutante a princípio, ela passa a aceitar a doença e se interna numa clínica. Uma das regras do local é que os pacientes não recebam visitas durante seus primeiros 30 dias. Quando Grant finalmente consegue vê-la, ela já não o reconhece mais. Fiona está agora afeiçoada por Aubrey, outro paciente da clínica, o que faz com que Grant tenha que se contentar com sua nova condição de amigo ao mesmo tempo em que tenta ajudá-la a se lembrar do passado.
O filme trata com sabedoria o tema do envelhecimento, e trata da senilidiade  de forma reflexiva, trazendo questões existenciais. Traz atuações singelas e profundas, com diálogos cortantes que atravessam nosso pensamentos acerca do presente nos projetando para o futuro.
Segundo alguns críticos:
“Apesar de triste, Longe Dela (“Away From Her”) é bonito e retrata com clareza os problemas reais e simbólicos dos casais afetados por Alzheimer. E, pra além do drama específico, tenta um mergulho na amplitude do amor conjugal. Se há algum porém, é superado com sobras pela intensa interpretação de Julie Christie.”
“Sensível ao extremo, Longe Dela tem como pano de fundo o Mal de Alzheimer, apenas como um mote para tratar do amor eterno e todas as suas concessões frente às dificuldades e ao inesperado. Adicionam-se a isso, as brilhantes e inspiradas atuações de Julie Christie e Gordon Pinsent e direção de Sarah Polley.
Assistir ao filme é um aprendizado sobre a vida e como o inesperado  pode transformar nosso futuro, assim como nos faz refletir sobre a respeito de doenças como o Azhemeir podem interferir na vida de muitos casais e famílias.

Dica – Filme: “Horas de Verão” – sobre o valor das Lembranças.

06/10/2009 às 0:46 | Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário
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O valor das lembranças
A história de três irmãos que pouco conflitam entre si, mas muito consigo mesmos.

LIGIA HERCOWITZ
O FINO DA MOSTRA

Se algumas lembranças são valiosas, o novo filme do diretor francês Olivier Assayas, Horas de Verão (L’Heure d’Été, França), é marcante e faz jus à discussão de valores inseridos nele. A história gira em torno de uma família que, como muitas outras, se separa fisicamente devido aos novos rumos que os integrantes dela tomam. A mãe Hélène Berthier (Edith Scob), mora em uma belíssima casa que possui obras raras, como móveis e quadros feitos por artistas consagrados. Seu dono anterior, Paul Berthier, era tio de Hélène, portanto tio-avô dos três irmãos, filhos dela. A maior preocupação da mãe é com o “peso” da herança que deixará à seus filhos e netos depois da sua morte, que acaba acontecendo.

O filme retrata a decisão dos três irmãos, entrando em um consenso sobre o que fazer com a herança e sobre o que é conveniente ou não para cada um. Frédéric (Charles Berling), o único dos filhos que continua morando na França, é totalmente a favor da manutenção da casa e também dos objetos que estão nela, com a idéia de que futuramente seus filhos usufruirão daquele lugar. Jérémie (Jérémie Renier), o segundo irmão, se coloca, um pouco constrangido, a favor da venda devido ao fato de que, como já não mora mais na França e que poucas vezes voltaria à Europa, não tiraria proveito da casa como tiraria do dinheiro. Já Adrienne (Juliette Binoche) acata a decisão do irmão de vender os pertences da família, resolvendo a questão. Assim mesmo, sem nenhum conflito e sem nenhum drama, a história consegue revelar aspectos importantes do comportamento humano.

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