A Construção da Colônia de Peruíbe, o bode mascote e outros, por: Délcio Afonso- Mestre de Obras.

10/01/2011 às 18:28 | Publicado em ADAEE | 3 Comentários
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Mascote

Delcio Afonso

 

 
Délcio Afonso tem 81 anos, é casado, tem 03 filhos e reside atualmente na cidade de Peruíbe, coincidentemente mesmo local onde nos anos 60 ajudou a construir a colônia de férias da ADAEE – Associação dos Servidores do DAEE. 

 Sua história no DAEE começou em 02/01/1958, quando foi admitido para atuar como mestre de obras. Já nos primeiros seis meses ajudou a construir a Usina Hidrelétrica de Cunha.

Como mestre de obras, ofício que aprendeu com o pai, coordenava grandes obras e equipes responsáveis por estas tarefas. Atuava na parte prática, já que os cálculos e projetos cabiam aos engenheiros e arquitetos.

Lembra também no início de sua carreira, de outra grande obra: a subestação de Tatuí, com 88.000 volts na qual também trabalhou.

Quando o Superintendente era o Dr. Dagmar Mallet, o Diretor de Eletrificação Rural era o Dr. Marcelo Bogaert que o levou para o Vale do Ribeira ajudar nas obras de “arranca toco” que na realidade era tirar as árvores dos rios.

Nesta época atuando em Pariqueraçu, ajudou também a ajudar a construir a sede de Itanhaém, próximo a Registro. Conciliava as atividades de Pariqueraçu e de Itanhaém, pois o DAEE no sentido de reduzir despesas, construiu a sede de Itanhaém com equipe da casa, coordenada por ele. Não houve contratos com empreiteiras, etc. Trabalhou muito mais disse que a equipe de pedreiros era muito boa e competente.

Em 1964, conheceu na região do Vale do Ribeira o Dr. Cicero Prado Alves, que presidia a ADAEE e estava começando os projetos para construção da colônia de Peruíbe. Como ele não queria deixar o Vale do Ribeira, onde morava com a família, tocou as duas obras: a sede de Itanhaém e a Colônia de Férias em Peruíbe.  A colônia foi  construída de 1965-1968.

Lembra-se da inauguração da colônia de Peruíbe, 1969,  com a presença do Governador Roberto Costa de Abreu Sodré, que como todo bom politico,  o cumprimentou sendo muito simpático e simples com todos. Foi um grande evento na época, um Governador inaugurar uma colônia de férias, mas a nossa colônia foi pioneira neste sentido e o fato teve grande repercussão, inclusive nos jornais locais.  Elogiou o trabalho do Cicero junto a ADAEE, que se empenhou muito neste trabalho e que dedicou parte de sua vida a ADAEE, e também o Dr. Arady Badini Tavares que era o responsável pela obra.

Do Dr. Tavares se lembra de um fato pitoresco sobre seu trabalho. Ele cuidava da obra, mas Dr. Tavares ia aos finais de semanas conferir e fiscalizar a obra. Numa destas visitas, ele o chamou para mostrar um dos quartos situados no primeiro andar. Ele não tinha a planta hidráulica, mas podia perceber só pelo olhar que havia algum tipo de erro de cálculo naquela estrutura. Dr. Tavares a principio não percebeu erro, mas pegando a planta viu realmente um erro de cálculo e graças a Deus pode corrigir isto. Ele lembra ainda que Dr. Tavares, sempre lembrava que o pé direito alto da colônia, poderia ajudar a manter a temperatura ambiente mais baixa e fresca considerando a região litorânea.

Foi gasto muito concreto naquela obra, mas era uma época do milagre econômico e isto não era problema. Lembra também que Dr. Tavares afirmava que era impossível a colônia sofrer um incêndio pelo tipo de construção que era. Contudo, soube recentemente que a ADAEE foi obrigada a fazer umas obras de prevenção de incêndio, orientada pelo corpo de bombeiro, como porta corta fogo, etc. Dizia que na época da construção este tipo de legislação não existia e eles faziam o melhor que podiam.

Olhando as fotos da construção da colônia, vimos uma foto de um bode e perguntamos sobre ele, ao que fomo s informadas que era o mascote da obra. Foi adquirido em Santa Catarina e veio de caminhão com material para obra. Era para ser feito como churrasco no natal seguinte, mas o pessoal foi gostando dele e passou a conviver com os pedreiros e obra.  

O bode apesar de bonitinho era terrível, pois tudo que achava comia. Certo dia, Silas esqueceu a porta da dispensa onde haviam os mantimentos para a refeição da peãozada, o bode foi lá e comeu tudo.   Passado um tempo, um certo pedreiro perguntou meio que brincando se podia fazer um churrasco do bode, ele também respondeu brincando que sim, porém não é que fizeram mesmo, assim lá se foi o mascote da turma.

Deste tempo lembra muito do Silas, que veio contratado para obra e acabou ficando no DAEE (ou ADAEE) e também do José Pereira – Zé Capacete, outro ajudante na obra, que gostava de cantar nas comemorações dos peões. Este mais tarde viria ficar trabalhando na colônia, inclusive como gerente.

Foi responsável também por outras obras como a época que ajudou a construir a Caverna do Diabo, através de um convênio DAEE/Secretaria de Turismo, neste caso o DAEE ficou encarregado da obra. Também esteve presente nas obras (e algumas sedes) de Cananeia, Iguape, Mongaguá, Vale Grande (feito pelo DPME). Disse que em cada obra um pedreiro de sua confiança cuidava do dia-a-dia, cabendo a ele fiscalizar e coordenar. Ajudou também a construir a colônia de Campos do Jordão.

Depois disto tudo, retornou ao DAEE-Centro na Rua Riachuelo, vindo a se aposentar em 1995. Ainda trabalhou com obras uma parte de sua vida mesmo aposentado, montou uma farmácia na qual trabalhou por um período, mas agora disse que descansa juntamente com família e filhos dos quais se orgulha. Disse que a única coisa de que se arrepende deste período fértil de muitas obras é ter deixado de acompanhar o crescimento dos filhos, hoje adultos. Infelizmente apesar de gostar muito do que fazia e da importância destas obras hoje, ele não faria mais desta forma, procuraria conciliar mais o trabalho com a vida doméstica.

Perguntando se se lembra de mais alguma coisa do qual gostaria de mencionar, ele reforça uma frase que ouviu do Dr. Cicero Prado Alves – Presidente da ADAEE, com quem conviveu por longo período, em uma das últimas vezes que o viu – quando a ADAEE fez uma festa de comemoração pelos 40 anos da colônia de férias de Peruíbe e onde eles foram homenageados. Dr. Cicero viria a falecer no mês seguinte praticamente. Esta frase o fez ficar muito emocionado: “Olha Délcio – se não fosse você, não existiriam as colônias de Peruíbe nem de Campos do Jordão”.

Portanto parabéns seu Délcio, pelo seu trabalho, empenho, dedicação e profissionalismo  dedicados as nossas colônias que nos trazem muito lazer até hoje.

 

 

 

 

3 Comentários »

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  1. “interessante a materia e muito mais as fotos da construção da colonia, quando casei em 1978 fui passar a lua de mel em Peruibe e hoje percebo que naquela epoca ainda estava desenvolvendo a cidade, agora imagine em 1968 como deveria ser o municipio ? Seria interessante conversar com a Candida – Presidente da ADAEE para que ela postasse essas e outras fotos historicas da colonia, no site oficial da organização”.

  2. Lugar maravilhoso… lindas recordações de infância,
    muitas fotos.
    Meu pai foi funcionário da ADAEE décadas de 70,80 e 90 (hoje está aposentado)

  3. Parabéns ao meu falecido avô Delcio Afonso.


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