Uma mulher no canteiro de obras e no Programa Água Limpa, por: Maria Aparecida Tonini Amorim

28/03/2011 às 17:15 | Publicado em Sem categoria | 7 Comentários
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Maria Aparecida Tonini Amorim, 52 anos, iniciou suas atividades no DAEE, como a maioria dos servidores, ainda adolescentes, então com 16 anos, em 1976.

Cursando o colegial numa escola pública, Cidinha começou sua vida profissional na Autarquia na Diretoria de Eletrificação Rural, situada na Alameda Casa Branca.

Da escola pública tem boas lembranças, e diz que era de ótima qualidade. Estudou no Colégio Estadual Augusto Meirelles Reis Filho. Recorda com carinho das atividades práticas, uma delas em que os alunos em determinados dias, preparavam um cardápio que deveria ser servido ao Diretor e professores. Não faltavam recursos para estas atividades e o cardápio e refeições eram elaboradas, preparados, servidos pelos alunos, que eram muito elogiados pelo trabalho. Em outra ocasião lembra que um professor, que era engenheiro, os ensinou a fazer uma parede, incluindo a colocação de uma janela. Isto tudo para alunos do ensino fundamental (acho que ginásio ou colegial na época) tudo muito bem feito. Ao realizar esta ultima atividade, diz ter tido a certeza do que queria ser: trabalhar na área de engenheira, pois sempre teve notas boas nas matérias de ciências exatas além de ter se identificado muito com o trabalho pratico ensinado nesta aula.

Na área de eletrificação rural, lembra-se do administrativo da época Sr. Miltom Azambuja, que foi quem a recebeu na época, pois havia um protocolo com os novos servidores, também de Sussumu Watanabe e do Diretor Dr. Aldo Pedro Buono.  Bons técnicos para se começar a sua vida profissional.

Da atividade da eletrificação rural, que seria posteriormente extinta devido à criação da CESP – Centrais Elétricas de São Paulo lembra-se que cabia ao DAEE fazer chegar à energia elétrica aos municípios. Realizavam muitas viagens por todo estado, interior, fazendo levantamento de campo, cabendo a ela organizar estes dados na sede.

Lembra rindo que na época, as chefias, diretores eram respeitadíssimos, chegando ao cúmulo dos servidores terem muitas vezes, medo deles. O respeito era tanto que neste caso se misturava com temor. Diz que era comum na Rua Riachuelo os Diretores entrarem pelo subsolo e os servidores pelo primeiro andar. Ao pegar o elevador, quando havia diretores dentro, os servidores do primeiro andar achavam melhor deixá-los seguirem sozinhos e esperar por outro elevador ou mesmo ir de escadas. Rimos sobre como o tempo (e evolução da sociedade) altera os hábitos e costumes, valores e como as hierarquias mudaram, diríamos em algumas situações, até demais….. 

Em 1984, após a conclusão da faculdade, deixou de ser auxiliar de engenheiro, passando a atuar como técnica na área de engenharia. Nesta época, de alta efervescência política, governo novo, democracia, criação de bacias, descentralização, etc., a sua área passou a ser dirigida pelo Dr. Silvio Silvado. Este posteriormente acabou indo pra Bacia do Alto Tietê, e a equipe a que ela estava subordinada passou a ser composta pelos Engenheiros: José Carlos Matoso Segato, Toledo, Jorge Simão, todos excelentes técnicos, muito competentes. Conheceu ainda Nerci, Neide Caldas, também parte da equipe.

Segato – Diretor sempre foi além de excelente técnico, muito atencioso, que reconheceu seu trabalho, fazendo-a evoluir profissionalmente.

Neste período por sorte e felicidade dela, conheceu e casou com o engenheiro do DAEE Carlos Alberto Santos de Amorim, que também veio com este grupo novo. Carlos Alberto atualmente está na equipe do Dr. Cecon, responsáveis pelas obras dos piscinões.

Com Segato, na Diretoria de Obras atuava com o grupo do Tamanduateí, cuidando de obras. Teve seu primeiro filho Guilherme em  1988.

Ao retornar da licença maternidade, foi convidada para atuar junto ao canteiro de obras – nas UGP – Unidades de gerenciamento de Projetos, especificamente no trecho F – fazendo o desassoreamento do Rio Tietê, no canteiro de obras situado na marginal, próximo a Osasco.

Resolveu ir conhecer o local. Quem a atendeu foi Sr. Mario Gurgueira que a levou para conhecer o canteiro e como este funcionava. Disse que depois soube pelos colegas, que este chegou a comentar com os demais colegas: “uma mulher aqui, trabalhando com obras, não sei não”. Reconhece que não sofreu preconceito, mas talvez um pouco de estranhamento da equipe, pelo fato de ser mulher e também que naquela época nos canteiros os profissionais serem a maioria homens.

Diz que assim que pisou lá, se apaixonou pelo trabalho. Era isto mesmo que ela queria fazer.

Rapidamente fez amizade com os meninos (desculpem nossos profissionais) e até hoje são bons amigos: Roberto Tito, Bezerra, Micali, Folino, Jaime Pacheco na época seu diretor. Estas são amizades de longa data, freqüentam a casa um do outro, fazem passeios e viagens juntos. Um grupo de amigos que se mantém.

Ela atuou também na ampliação da calha do Tietê, e de 2002 a 2004, e na última etapa da calha – gerenciando os piscinões.

Trabalhar nas obras do rio Tietê, (trabalho histórico do DAEE) não tem rotina, os profissionais do DAEE atuam na obra toda, apesar do canteiro de obras pertencer à empreiteira. Eles acompanham par a par a obra toda, fiscalizam todas as etapas, auxiliam na documentação a ser obtida junto aos órgãos de meio ambiente, prefeituras, etc., além obviamente de ser um local de risco e algumas vezes insalubre. Na obra há equipes de engenheiro, topógrafos, sondagens, de concretagem, etc.,  a maioria homens.

Para ressaltar as dificuldades de obras como as do DAEE, comenta sobre uma obra realizada próxima a Ponte do Limão.  Tinham que bombardear o fundo do rio para dessassoreá-lo  sem prejudicar o fluxo de veículos na marginal, não parar o trânsito, não afetar o comercio local, nem estruturas. Portanto tiveram que atuar a noite, com meia pista aberta e com muitos cuidados que um tipo de ação como esta precisa. Lidam nestes casos com muitas associações de moradores, de bairro, CET, DSV, Prefeitura, etc. 

De qualquer forma Cidinha como é conhecida sabe lidar muito bem com isto, e melhor ainda gosta desta adrenalina.  

Diz que sempre atuou por gostar do seu oficio, e que sempre soube conciliar seu papel de esposa, mãe com o de profissional. Seus dois filhos Guilherme e Victor não lhe dão trabalho. Guilherme de 23 anos atualmente cursa Engenharia Ambiental em São Carlos (filho de peixe peixinho é) e Victor cursa o 3. Colegial.

Diz que só conseguiu fazer estes dois papeis, pois sempre contou com a retaguarda de boas escolas, e principalmente com a ajuda da mãe e sogra em casos excepcionais.

Hoje atua no Programa Água Limpa, que foi criado no Governo Alckmin, e implantado pelo Dr. Ricardo Borsari e Marcio Ribeiro, para atendimento aos municípios de até 50.000 habitantes.

O programa visa implantar sistemas de tratamento de esgotos preferencialmente por lagoas de estabilização em munícipios não atendidos pela SABESP e que despejam seus efluentes “in natura” nos córregos e rios locais. Os municípios participam do projeto cedendo à área onde serão construídos as estações para tratamento dos esgotos, desenvolve os projetos executivos e providencias as licenças ambientais necessárias a execução das obras. O benefício não se restringe aos município onde o projeto é implantado, mas abrange a bacia hidrográfica em que está localizado, com impacto direto na redução de mortalidade infantil e da disseminação de doenças além de proporcionar melhoria dos recursos hídricos, com a consequente redução dos custos do tratamento de água destinada ao abastecimento público.  

Um programa muito interessante e que já beneficiou diversos municípios, mas isto já é motivo de uma nova matéria explicando melhor este assunto, pois o DAEE tem ações muito interessantes que têm que ser divulgadas.  

Fica nossos parabéns a nossa técnica desbravadora e pioneira em canteiro de obras: Cidinha.

7 Comentários »

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  1. Maravilha Cidinha, continue assim a profissional dedicada e altruísta que és.

    • EXCELENTE COMENTÁRIO, APENAS AO CLICAR CLIQUEI ERRADO.
      MAS ÉS REALMENTE MARAVILHOSA, PARABÉNS NOVAMENTE , CONCORDO PLENAMENTE.

  2. Parabéns Cidinha! Em tão pouco tempo e tive o prazer de conhecer uma excelente profissional, amiga , competente e muito mais…

    Bjs, Tuka

  3. Legal saber o papel da mulher no canteiro de obras

  4. Cidinha, tenho orgulho por, de algum modo, ter feito parte dessa sua jornada. Grande MULHER, amiga, e profissional!

  5. Trabalhamos juntos na eletrificação rural exceleste profissional.

  6. EXCELENTE COLEGA CONHECI NA CASA BRANCA ADMIRO DESDE DOS TEMPOS DA ELETRIFICAÇÃO RURAL COMPETENTE SEMPRE SOUBE SE IMPOR ONDE TRABALHOU CARINHOSA COM OS COLEGAS PENA QUE POR MOTIVOS DE LOCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS NÃO NOS COMUNICAMOS MAIS ABRAÇOS FRED


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